sábado, 16 de junho de 2018

Terça-feira teria sido aniversário da minha mãe. E eu não chorei. Evitei falar. Evitei sofrer. Desde quarta-feira estou com dor nas costas. Essa dor veio apenas aumentando. Não é no osso. Aparentemente não é apenas nos músculos também. Hoje é sábado e não tive como não apelar para medicação. Aliviou um pouco. Mas continua aqui a dor. Se respiro dói, se bocejo dói, incomoda. A minha teoria é que a dor acumulada na minha alma transbordou. Emoções não ditas, raivas contidas emergiram da alma sobrecarregada e se instalaram no meu corpo.

sábado, 4 de julho de 2015

Esconder a depressão e a tristeza. Fingir alegria e realização. Assim que as pessoas querem? Fodam-se as pessoas. Fodam-se.

terça-feira, 23 de junho de 2015

Ninguém é de ninguém. É. Estou sabendo. Tenho sido egoísta. Por isso tenho sido machucada. É complicado ser machucada e superar quando quem machucou está tão perto. Quero esquecer. Vou tentar esquecer. Espero que com a dor esquecida não se vá o afeto. E que volte forte a consideração.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Engasgado na garganta

A forma como a sociedade está estruturada. Como as relações homem e mulher foram configuradas ao longo da história, esse paradigma insípido chega a ser nojento. Nós mulheres somos ensinadas a reproduzi-lo caso queiramos aumentar as chances de ter um relacionamento estável... Respeito esses relacionamentos. Não vou dizer que são de merda, porque realmente não acho que sejam. Mas choramingar atenção? Interpretar submissão? Ocupar o lugar da mãe ausente, personificar o complexo de édipo? Mimar como se fosse um bebê, e me fazer de submissa e fragilizada "vou te esperar". Acho que não. Optei andar na contramão. Tenho liberdade sim. Faço o que eu quero sim. Estou me projetando para além de falácia manipuladora. Manipulação amadora? Por favor, Não. Comigo não. Não posso fingir que não vejo. Fazer o velho jogo feminino, cobra cega, finge que não e quando o outro percebe, já está amarrado até o pescoço. Sim, a sociedade iria me valorizar por isso, por manter o status quo. Daria título de honra "mulher de verdade", "mulher sábia", "mulher pra casar". Não sou, nem quero ser, nem quero ser identificada como "mulher pra casar". Mulher que é mulher é, simplesmente e sobretudo, mulher. Mulher da libido, do amor também, mulher quem tem pai, mãe e um chimpanzé de estimação, que rir e chora. Que dá o dedo do meio, que grita feliz ou com raiva. Que bebe, que dança e rebola até o chão. Liberdade para os homens. Fogão, filhos, castidade e submissão para a mulher? Nâo. Não. Não. Não se engane. Não engano ninguém. O respeito e valor que recebo é aquele que dou. Se engana o homem que acha que somente eles separam sexo e relacionamento. Podemos muito bem, sendo escrotas como homens não por copia-los simplesmente mas porque essa é uma tentação para qualquer gênero, distinguir o homem do sexo do homem para andar do nosso lado e apresentar pra nossa família. Cuidado. Essa linha é muito tênue. Qualquer deslize pode tirar você de um lado e projetar no outro. Quem quer amor e respeito, seja homem ou mulher, precisa saber oferecer. Independentemente do gênero. E se mulher tem que se dar o valor, por que o homem não?

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Escola da Ponte, Rubem Alves...

"Não cobiço nem disputo os teus olhos
não estou sequer à espera que me deixes ver através dos teus olhos
nem sei tampouco se quero ver o que veem e do modo como veem os teus olhos

Nada do que possas ver me levará a ver e a pensar contigo
se eu não for capaz de aprender a ver pelos meus olhos e a pensar comigo

Não me digas como se caminha e por onde é o caminho
deixa-me simplesmente acompanhar-te quando eu quiser

Se o caminho dos teus passos estiver iluminado
pela mais cintilante das estrelas que espreitam as noites e os dias
mesmo que tu me percas e eu te perca
algures na caminhada certamente nos reencontraremos

Não me expliques como deverei ser
quando um dia as circunstâncias quiserem que eu me encontre
no espaço e no tempo de condições que tu entendes e dominas
Semeia te como és e oferece-te simplesmente à colheita de todas as horas

Não me prendas as mãos
não faças delas instrumento dócil de inspirações que ainda não vivi
Deixa-me arriscar o molde talvez incerto
deixa-me arriscar o barro talvez impróprio
na oficina onde ganham forma e paixão todos os sonhos que antecipam o futuro

E não me obrigues a ler os livros que eu ainda não adivinhei
nem queiras que eu saiba o que ainda não sou capaz de interrogar

Protege-me das incursões obrigatórias que sufocam o prazer da descoberta
e com o silêncio (intimamente sábio) das tuas palavras e dos teus gestos
ajuda-me serenamente a ler e a escrever a minha própria vida."

Rubem Alves, escola da Ponte.
"E se a letra mata, mas o espírito vivifica...
Oferto meu silêncio, e o meu amor...."

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Para que um cérebro?

Rj, 17/05/2008.

Para que um cérebro?

Elas já têm peitos, lábios carnudos, coxas grossas e largos quadris.
Para que um cérebro, Senhor?

Rebola, dança, anda e ainda podem fazer tarefas domésticas.
Porque lhes deste cérebro?

Seria tão que não pensassem. Embora haja aquelas que a despeito do cérebro que possuem, não pensam. E, diga-se de passagem, essas são maravilhosas. O paraíso na terra:

Elas só dizem sim, choram, sorriem, mas não nos questionam. Não nos encalabouçam na lógica de seu pensar. Seria mais fácil para nos arranjarmos se todas fossem assim, se seus cérebros não soubessem usar.

Mas aquelas que pensam... essas são a diaba disfarçada de mulher. São as mais desejáveis. Mais selvagens e menos aprisionáveis. Menos convencíveis, mais apaixonantes. Avassaladoras, indomáveis, feras. Ferem, curam, matam e ressuscitam.

Riem com lágrimas. Choram aos sorrisos. Me deixam louco! Louco de paixão, louco de amor, louco de tesão.

Para elas não é qualquer cidadão um partidão. Não há regra para a adoção. Não existe bonito nem feio. Rico, pobre, ou muito menos
um sujeito em transição.

Se atêem ao olhar. Vislumbram a alma, o sujeito no particular.
Se o que veêm bem ao fundo lhes tocar, seja bom ou seja ruim
a esse sujeito elas irão amar. Amor com a vida, com a alma
e com paixão. Mas num piscar de olhos, tudo isso pode se tornar vão.

Se com o tempo o que lhes agrada se exaurir. Se a verdade se mostrar mentira, aquele homem apenas uma ilusão. Com ventania, o fulgor de dentro do coração sairá. O amor, a paixão com o vento também irão escapolir. Somente no tardar do tempo outra paixão, outro amor pra perto delas poderá se chegar.

Peço a ti então Senhor, que a minha vez não venha tardar.
Amo o paraíso, mas em perigo prefiro estar, se uma mulher como estas  minha algoz quiser se tornar.
Desejo-a com a mente, com o corpo e o coração.

Sofrerei? Não sei. Mas tenho certo que terei realização.
Com uma mulher dessas está minha verdadeira satisfação.
Amém

(Atualizado em 30/10/2013)